NEOM: a megacidade da Arábia Saudita que já causou mais de 21 mil mortes
A NEOM é um ambicioso plano da Arábia Saudita, planejado como uma cidade futurista e sustentável. O projeto promete revolucionar a arquitetura e a urbanização. Parte do plano Visão 2030, que busca diversificar a economia saudita e reduzir a dependência do petróleo, o empreendimento conta com um orçamento de US$ 500 bilhões.
Entre os destaques está The Line, um arranha-céu linear de 170 km de extensão. Ele foi projetado para ser uma cidade sem carros, totalmente integrada à natureza. No entanto, por trás dessa proposta visionária, estão milhares de mortes, deslocamentos forçados e denúncias de violações de direitos humanos.
Mortes e exploração no projeto NEOM
Grande parte das mortes na construção de NEOM envolve trabalhadores imigrantes do sul da Ásia. Eles vieram de países como Bangladesh, Índia e Nepal. De acordo com depoimentos, muitos são submetidos a jornadas extenuantes de 16 horas diárias, sem folga por semanas.
Os trabalhadores relataram cansaço extremo e sofrimento mental constante. Eles afirmam enfrentar ansiedade e esgotamento devido às condições precárias de trabalho. Além disso, as condições no canteiro de obras foram descritas como próximas à escravidão. Muitos afirmaram que são tratados como “mendigos”, enfrentando salários baixos e pouco tempo para descanso.
Impacto na vida de comunidades indígenas
Além das mortes de trabalhadores, a construção de NEOM resultou no deslocamento forçado de mais de 6 mil pessoas. Esse número foi divulgado pelas autoridades sauditas. Organizações de direitos humanos, no entanto, estimam que o número real possa ser muito maior.
Por exemplo, membros da tribo Huwaitat foram obrigados a abandonar suas terras para dar lugar ao megaprojeto. Em alguns casos, aqueles que resistiram enfrentaram violência extrema, incluindo execuções. Essas denúncias foram reveladas por investigações recentes.
Custo humano do progresso
Embora apresentada como um exemplo de modernidade e sustentabilidade, NEOM carrega um custo humano alarmante. Conforme o relatório “The Dark Side of Neom”, publicado em 2023, despejos forçados e demolições já afetaram mais de meio milhão de pessoas.
Empresas internacionais envolvidas no projeto alegam seguir códigos de conduta locais. Por outro lado, os responsáveis por NEOM afirmam que avaliam as denúncias. Eles também afirmam exigir conformidade às leis sauditas por parte de contratados e subcontratados.
Futuro da megacidade NEOM
Apesar de prometer inovação e sustentabilidade, NEOM também simboliza os desafios éticos de grandes empreendimentos, pois mesmo que promova avanços tecnológicos, o projeto expõe os altos custos humanos e sociais que acompanham iniciativas dessa magnitude.
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