A ilusão do discurso comum sobre dinheiro público
Já pararam para pensar que a política, às vezes, se parece muito com uma grande mágica? Aquela onde o coelho some da cartola e reaparece na mão do mágico? Ou aquela em que uma moeda parece atravessar uma mesa sólida? Na política, os truques são ainda mais elaborados, e um dos mais antigos e eficazes é o da corrupção.
Mas, assim como em qualquer boa mágica, existe sempre um truque por trás. E o truque da corrupção é simples: desviar a atenção do público para um lado, enquanto se realiza a verdadeira mágica em outro. No caso da corrupção, o coelho que desaparece é o dinheiro público, e o mágico que o faz desaparecer é um político ou um grupo de políticos.
A narrativa mais comum é a de que a corrupção é a grande vilã, a responsável por todo o desperdício de dinheiro público. É como se a corrupção fosse um monstro de muitas cabeças, devorando os cofres públicos a cada mordida. Essa narrativa é conveniente, pois permite que se aponte culpados e se desvie a atenção para casos isolados de corrupção, enquanto se ignora um problema muito mais sistêmico.
Mas, e se eu te dissesse que a corrupção, por mais grave que seja, não é o único truque? E se te dissesse que existe uma outra mágica, mais sutil, mas igualmente eficaz, sendo realizada nos bastidores? Essa outra mágica se chama renúncia fiscal.
As renúncias fiscais são como um passe de mágica que tira dinheiro do bolso do contribuinte e coloca em outro lugar, muitas vezes, sem que ele perceba. É como se o mágico te pedisse para olhar para a mão esquerda, enquanto com a mão direita ele te tira a carteira. As renúncias fiscais são isenções, deduções e outros benefícios fiscais concedidos a empresas e pessoas físicas, que resultam em uma perda de receita para o governo.
E por que essa mágica é tão eficaz? Porque ela é muito mais difícil de ser percebida do que a corrupção. A corrupção é um crime, e os crimes deixam rastros. Já as renúncias fiscais são, na maioria das vezes, legais. Elas são aprovadas por leis, e as leis, por mais injustas que sejam, são leis.
Mas, e a má gestão? A má gestão é outro truque de mágica que contribui para o desperdício de dinheiro público. É como um mágico que embaralha as cartas de um baralho, deixando tudo uma bagunça. A má gestão pode se manifestar de diversas formas, como a contratação de obras superfaturadas, a compra de equipamentos inúteis e a falta de planejamento.
A combinação da corrupção, das renúncias fiscais e da má gestão é um coquetel explosivo que leva ao desperdício de bilhões de reais por ano. É como se tivéssemos um mágico mestre, capaz de realizar os truques mais elaborados, desviando nossa atenção dos verdadeiros problemas.
Mas, assim como em qualquer boa mágica, sempre existe alguém para desvendar o truque. E esse alguém somos nós, cidadãos. Ao nos informarmos, questionarmos e exigirmos transparência, podemos desmascarar os mágicos e recuperar o dinheiro que nos pertence. Afinal, o dinheiro público é nosso, e nós temos o direito de saber para onde ele vai.
Em resumo:
- A corrupção é um truque antigo e eficaz, mas não é o único.
- As renúncias fiscais e a má gestão são outros truques que contribuem para o desperdício de dinheiro público.
- A combinação desses três truques cria um sistema perverso que beneficia poucos em detrimento da maioria.
- É preciso desmascarar esses truques para recuperar o dinheiro público e construir um futuro mais justo e equitativo.
Lembre-se, a mágica só funciona se acreditarmos nela. Ao questionarmos e exigirmos transparência, estamos quebrando o encanto.