Cânhamo: um material sustentável (e polêmico) para construção e moda
Em um mundo que valoriza novas tecnologias, soluções simples e ancestrais surpreendem pela eficiência. Um exemplo é a construção com cânhamo, destacada em um projeto da União Europeia. Ou seja, esse método inovador combina cânhamo, terra e água para criar casas sustentáveis com eficiência energética elevada.
O arquiteto Anthony Hudson utilizou essa técnica centenária para construir um bangalô em Fakenham, Inglaterra. Com palha de cânhamo, terra e água, a mistura resultante é chamada de ‘cob’. O projeto, batizado de CobBauge, atende aos regulamentos modernos de construção, demonstrando que métodos antigos podem ser adaptados para atender às demandas atuais.
Cânhamo na construção: o projeto CobBauge
A construção com cânhamo apresenta inúmeras vantagens. Afinal, a lama é um dos materiais mais sustentáveis, com edifícios antigos na Grã-Bretanha durando mais de 500 anos. A casa de Hudson possui janelas de vidro triplo voltadas para o sul, aproveitando o aquecimento solar no inverno, e uma bomba de calor para aquecimento adicional.
O projeto de Hudson foi concluído em janeiro, e embora o custo total não tenha sido divulgado, a construção foi considerada barata. O CobBauge faz parte de um esforço da União Europeia para trazer a construção com cânhamo para o século XXI, focando em carbono líquido zero. Dessa forma, Hudson acredita que, apesar de a construção com cânhamo ainda demandar tempo e mão-de-obra intensiva, ela tem potencial para se tornar o novo padrão de sustentabilidade na construção civil.
Moda sustentável
O cânhamo não é apenas um material valioso para a construção civil. Ele também está ganhando espaço na indústria da moda. A Embrapa, por exemplo, busca permissão para pesquisar uma variedade de cannabis sativa, que não tem efeitos entorpecentes, mas pode ser usada em vários setores, incluindo a moda.
No interior de São Paulo, uma tecelagem incorporou a matéria-prima em sua produção de jeans, que agora contém 23% desse material. O coordenador de Desenvolvimento de Produto, Everton Dechen, explica que essa mudança visa atender à demanda por produtos mais sustentáveis. Ou seja, o cânhamo, junto com o algodão, forma uma trama resistente e ecológica.
Enquanto países europeus e os EUA avançam na legalização e utilização do cânhamo para fins industriais, o Brasil ainda enfrenta desafios para seguir o mesmo caminho. A legalização da produção permitiria explorar seu potencial em setores como construção, moda e outros insumos industriais.
A inovação tecnológica pode encontrar no cânhamo um aliado valioso. Cidades inteligentes, focadas em sustentabilidade, podem se beneficiar da integração desse material em suas construções e indústrias. Assim, além de contribuir para um futuro mais verde, o cânhamo pode impulsionar a economia local e promover práticas ecológicas.