Como o Airbnb mudou os serviços de hotelaria nos municípios brasileiros
A mais famosa plataforma de compartilhamento de moradia, o Airbnb, tem sido objeto de tensões jurídicas. De acordo com a rede hoteleira, startups como o Airbnb proporcionam uma concorrência desleal, prejudicando o setor.
Antes de mais nada o Airbnb não surgiu como uma afronta ao mercado hoteleiro. A ideia surgiu de uma necessidade simples que se mostrou uma oportunidade.
Três estudantes, Brian Chesky, Nathan Blecharczyk e Joe Gebbia, em 2007 estavam precisando de dinheiro para o aluguel quando um congresso internacional lotou os quartos de hotéis da cidade.
Nesse momento surgiu a ideia de alugar espaço para dormir na sua sala, através de colchões infláveis. A hospedagem recebeu o nome de “AirBed and Breakfast” e foi um sucesso.
A partir daí a empresa, agora Airbnb, se tornou um dos maiores unicórnios (startup com valor de mercado acima de US$1 bilhão) e um dos principais representantes da economia do compartilhamento.
Seu valor de mercado foi estimado pela Forbes em US$ 38 bilhões em 2018 e possui como investidores grandes nomes dos bancos, empresas de serviços financeiros, fundos de venture capital e private equity.
Não é de se surpreender que o Airbnb seja visto como um desestabilizador do setor hoteleiro em potencial, pois pela sua natureza disruptiva, com sua possibilidade de intermediação entre anfitriões e hóspedes, desperta questões sobre direito tributário.
Entenda o debate em torno do Airbnb
É fato que o Airbnb afirme não oferecer qualquer tipo de serviço, o simples fato de proporcionar a possibilidade de transações entre anfitriões e hóspedes já é suficiente para que muitos a percebam como um aluguel de curto prazo.
A principal reclamação que a startup desperta é que existe uma desigualdade na concorrência dentro do setor hoteleiro.
Mas engana-se quem pensa que somente as questões legais e tributárias aparecem como preocupação. O aumento da concorrência proporcionada por hospedagens informais pela internet também tem tirado o sono do setor hoteleiro.
O Airbnb, hoje possui mais de 220 mil anúncios de quartos e casas no Brasil. Mas isso não necessariamente significa que o setor de hotelaria está perdendo hóspedes.
Para que se possa avaliar isso é preciso, primeiramente, fazer uma análise do perfil dos viajantes que optam pela startup e quais motivos os levaram a fazer essa escolha.
Um estudo publicado pela Morgan Stanley Global Insights, mostrou que grande parte do público do Airbnb é composto de viajantes que buscam, primeiramente, hospedagens mais baratas.
Um segundo ponto é que para eles tanto a localização, quanto as experiências, a opção de cozinha própria, a busca pela individualidade e facilidade de realizar a reserva são fatores que contam muito.
Já o público da rede hoteleira, comumente está a trabalho, representando 55% das reservas nos hotéis, conforme mostrou um estudo encomendado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).
Outro ponto importante de destacar é que, a despeito da polêmica, alguns hoteleiros enxergam no Airbnb uma oportunidade, tanto pela taxa, quanto pela possibilidade de alavancagem na utilização da startup como canal de distribuição.
Concluindo, viajantes jovens e disruptivos buscam as experiências proporcionadas pela plataforma, coisa que nas hospedagens tradicionais são mais limitadas.
Case sucesso de parceria entre Airbnb e hotéis
Durante a pandemia, o Airbnb surpreendeu ao anunciar uma parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP) com o objetivo de impulsionar o turismo na região.
A parceria, prevê tanto um programa educativo como forma de ampliar as práticas do turismo responsável, quanto promover o turismo por meios digitais de destinos paulistas.
O Airbnb firmou parcerias com governos e secretarias de turismo e lançou o Portal da Cidade, plataforma criada para possibilitar uma conexão direta com os governos para.
Além do case de São Paulo, o Airbnb também fez parceria com a cidade de Porto Seguro, na Bahia, com o objetivo de capacitar empreendedores locais a venderem experiências, mostrando dessa forma que, se houver disposição, é possível utilizar a tecnologia a favor de todos.