Tudo sobre os ‘amigos de aluguel’, guias nativos que te mostram uma cidade

Há várias formas de viajar e conhecer outras cidades. Muitas pessoas se contentam com o que se pode chamar de turismo tradicional, ou seja, ir aos pontos turísticos indicados nos principais guias de viagem. Mas se você não é um desses viajantes e prefere ter um gostinho do que é ser um morador do lugar, a dica é frequentar os mesmos espaços com algum desses cidadãos. Para aproximar quem quer de quem pode oferece a experiência, surgiu a plataforma Rent a Local Friend (www.rentalocalfriend.com), cujo nome é autoexplicativo: você aluga um amigo para mostrar a cidade dele do ponto de vista de um local.

A servidora pública Claudia Foschete, 41 anos, aderiu ao serviço no ano passado, após ver uma publicação no Facebook. Quando a Copa do Mundo estava quase no fim, ela fez o cadastro no site e se tornou uma local friend. ;Gosto muito de viajar, de ter contato com quem é de fora, e adoro Brasília, o que facilita muito na hora de mostrar a cidade;, opina.

Claudia oferece duas opções de preço para os visitantes que queiram contratar seu serviço: US$ 100 por quatro horas de passeio e US$ 200 por 8 horas (um dia inteiro). Com o câmbio atual, o valor pode parecer alto, mas para os turistas que têm o dólar ou o euro como moeda nacional, há muitas vantagens. ;Eu incluo nessa conta o transporte, utilizando meu próprio carro nos trajetos, o que é uma grande vantagem aqui, visto que o transporte público não cobre todos os lugares e os táxis são muito caros;, defende. No caso de Claudia, foi ainda mais útil, pois a primeira pessoa que recebeu foi um francês que tinha dificuldade de locomoção.

O grande benefício dos visitantes é conhecer locais da cidade que não fazem parte do roteiro turístico mais conhecido. Após perguntar ao contratante que tipo de experiência ele gostaria de ter, Claudia elaborou ao francês um roteiro que foi além da tradicional Esplanada dos Ministérios: passou pela Igrejinha, pela 308 Sul (a quadra modelo), pelo Santuário Dom Bosco e incluiu um tour por dentro do Palácio do Itamaraty, um almoço no restaurante Tribos e um passeio pela Ermida.

Segundo a servidora, os local friends também saem ganhando com o trabalho, ao praticar o inglês (dependendo da nacionalidade do visitante), receber dinheiro extra e fazer uma troca cultural com os viajantes. ;Faço isso porque gosto e me dá prazer oferecer meu olhar sobre Brasília a quem não conhece.;

De blog a startup
Além da versão em inglês, o site Rent a Local Friend pode vir em espanhol ou, ainda, em português. Isso porque a criadora da plataforma é uma brasileira. A jornalista carioca Alice Moura, 33, teve a ideia em 2011, quando morava em Lisboa. ;Na época, eu conheci muita gente de várias partes do mundo e viajava muito para visitar esses amigos distantes, ou seja, eu já tinha essa experiência de conhecer as cidades do ponto de vista dos locais. O que resolvi fazer foi profissionalizar isso e aproximar as pessoas interessadas.;

De início, era apenas um blog e Alice era a única local friend: ela se disponibilizou a mostrar lugares interessantes da capital portuguesa cobrando pelo serviço. ;Muita gente entrou em contato comigo para dizer que queria fazer o mesmo nas suas cidades e a rede cresceu. Passei a disponibilizar uma forma de cadastramento dos interessados, em um portal mais interativo, e hoje somos 1.800 pessoas em 52 cidades de vários países;, conta.

Interessou-se? Para se tornar um local friend é preciso preencher o formulário de cadastro no site e, posteriormente, a equipe entra em contato com os aplicantes pelo Skype. ;Explico como funciona, que o valor mínimo a se cobrar deve ser de US$ 50, e vejo se a pessoa entendeu nosso conceito. Você tem que frequentar os lugares que quer apresentar aos outros e saber montar roteiros flexíveis, de acordo com o que o viajante gosta de fazer;, orienta. Quem contrata pode falar com quem oferece o serviço em um chat da página. Depois, para fazer a reserva, é necessário pagar 30% do valor. O restante é entregue pessoalmente, em mãos, para o local friend.

A comunidade avalia os serviços e tudo fica registrado no site, ao acesso de todos, para dar mais segurança;, afirma. O próximo passo para o crescimento da startup é um aplicativo, que será disponibilizado para Android e iOS em dezembro deste ano. ;Queremos agilizar o processo, para que as mensagens dos chats sejam respondidas mais rápido, pelo smartphone;, finaliza.

Fonte:https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/

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