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Belo Horizonte: por que o saneamento foi motivo de revolta entre moradores

A capital mineira apresenta um caso histórico de negligência em relação ao fornecimento de água e à coleta e tratamento de esgoto, especialmente considerando que se trata de uma cidade planejada, o que poderia ter prevenido essas deficiências. 

No final do século XIX, o governo de Minas Gerais optou por construir uma nova capital para substituir Ouro Preto, e escolheu a área onde estava localizado o Curral del Rei entre as cinco opções disponíveis. A escolha foi influenciada por diversos fatores, incluindo a rica bacia hidrográfica da região, o que é irônico considerando a situação atual da cidade.

A história do saneamento em Belo Horizonte

Quando foi inaugurada em 1897, Belo Horizonte não possuía grandes galerias de esgoto, apenas tubulações menores de custo mais baixo.

Naquela época, a cidade deu prioridade ao fornecimento de água em detrimento do tratamento de esgoto, algo que tem sido uma tendência histórica no Brasil. Especialistas apontam dois motivos principais para essa escolha: o custo geralmente ser mais baixo para o abastecimento de água e as pessoas sentirem mais o impacto quando falta água ou quando ela não está em boas condições.

Nos primeiros anos, mesmo o fornecimento de água não atendeu às expectativas dos moradores da nova capital mineira. Apenas as áreas onde viviam altos funcionários públicos, como desembargadores, tinham acesso à água encanada.

Segregação hídrica na cidade

Consequentemente, houve uma “segregação hídrica”. O novo sistema de água não alcançou bairros como o dos pedreiros que construíram Belo Horizonte e ainda dependiam dos chafarizes.

Segundo a historiadora, os rios que ainda não haviam sido canalizados se tornaram lixões urbanos, criando uma situação terrível para uma capital que se prometia salubre. A negligência dos políticos e engenheiros com o saneamento causou um fardo para Belo Horizonte ao longo do século XX e ainda persiste nos anos recentes.

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