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Censo 2022 revela que municípios precisam adequar planejamentos

Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do Censo Demográfico do Brasil de 2022 trazem informações mais detalhadas das coletas realizadas nos 5.570 municípios brasileiros. Os primeiros resultados revelaram mudanças de cenário, fundamentais para o planejamento da gestão das cidades. São alterações de dados que precisam ser considerados pelos administradores públicos no âmbito municipal, estadual e federal.

Crescimento populacional ficou abaixo da estimativa

O total da população brasileira é de 203 milhões de habitantes. A expectativa é que esse número fosse maior, em torno de 213 milhões. A queda na taxa de crescimento de 1,1% em 2010 para 0,5% em 2022. Destacando que o recente censo demográfico trouxe interessantes resultados sobre a realidade brasileira. É um retrato da nossa população com informações que vão subsidiar a implementação e o alinhamento de políticas públicas de investimentos que serão conduzidos nos próximos anos por governos e por organizações privadas.

Nova realidade dos municípios muda também o fluxo de recursos 

Conforme o Diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas,  Economista Marcelo Neri, “Temos menor crescimento da população e tendência de esvaziamento dos municípios mais populosos”, afirma. Isso cria uma nova realidade de planejamento de recursos para os municípios. “Demanda um novo debate sobre os fluxos de recursos e reorganização da infraestrutura nas cidades que mais ganharam moradores”, salienta.  

Populações de cidades médias tem maior crescimento 

O Censo 2022 mostra o crescimento das cidades médias. Cabem nessa classificação do IBGE os municípios que contam com entre 100 mil e 500 mil habitantes, e nos últimos 12 anos eles experimentaram um crescimento expressivo, superando grandes cidades, especialmente aquelas com mais de 500 mil habitantes. “Esse é o fato novo do Censo”, declarou o presidente do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, durante a entrevista que divulgou os principais resultados do levantamento. 

CNM faz alerta sobre os impactos do censo 2022 e erros nos dados

Essencial salientar que a Confederação Nacional de Municípios (CNM) alerta para os impactos das informações trazidas com o Censo Demográfico. Para essa importante entidade, os dados não representam com fidedignidade a realidade do país. Tendo impacto diretamente nos recursos transferidos aos municípios. De forma especial em relação ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e os diversos programas federais que consideram o porte populacional.

A CNM aponta para erros de estimativas com sérias consequências para a gestão municipal. Por entender a relevância dessa radiografia para o país, a Confederação vai atuar junto ao Congresso Nacional e ao Executivo para que uma nova contagem populacional. E que seja realizada já em 2025 a fim de levantar dados efetivos e corrigir as distorções decorrentes do levantamento. A entidade acompanhou com atenção e preocupação os inúmeros relatos de gestores municipais sobre problemas enfrentados nas coletas de dados. Citando dispersão dos recenseadores, que tiveram salários pagos com atraso, da falta de qualificação de pessoal e estrutura do IBGE.

Censo mostra que no Brasil fertilidade diminui com o passar das décadas 

O destacado economista Marcelo Neri disse que se a fertilidade estiver por trás do resultado do Censo, vamos pagar um preço. Dados do censo revelam que aqui no Brasil, cada mulher tinha 5,7 filhos em 1970. No Censo 2010, já tinha menos de dois. Segundo Marcelo, “Apesar de ainda não termos os dados de faixa etária, pelo Censo 2022, o crescimento mais lento da população sugere dois extremos: uma população mais envelhecida, porque a expectativa de vida está aumentando e uma baixa fertilidade”. 

Conforme Marcelo, a população em idade ativa cai porque caiu a fertilidade em algum momento no passado. E a população está em boa parte além da fase que se chama de idade ativa. “O Brasil é um país cheio de mazelas sociais. Uma taxa de crescimento populacional maior permite reescrever a história. Tem um fluxo de pessoas chegando: se oferecer educação e serviços, por exemplo, em algum tempo eles vão transformar o país”, enfatizou o economista. 

Principais novidades e números do Censo 2022

Destacando que nesse censo, o autismo foi pesquisado pela primeira vez em 160 anos no Brasil, e a população Yanomami foi incluída no estudo por meio de um apoio interministerial.  A tecnologia desempenhou um papel importante no mapeamento geográfico do país, com o uso de coordenadas em tempo real e uso de plataforma geográfica interativa para acessar dados de satélites.

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