|

Por que o Brasil não enterra seus fios elétricos?

O Brasil enfrenta grandes desafios para enterrar seus fios elétricos, principalmente devido ao alto custo dessa operação. A instalação de redes subterrâneas é, em média, de cinco a dez vezes mais cara do que a de redes aéreas, o que desencoraja o investimento por parte das concessionárias de energia. 

Esse custo elevado envolve não apenas a compra de materiais mais resistentes e impermeáveis, mas também a necessidade de obras complexas para abrir valas e construir sistemas de proteção subterrânea. Além disso, a manutenção dessas redes exige mais mão de obra e equipamentos especializados​.

Outro grande obstáculo está na dimensão territorial do Brasil e no rápido crescimento das cidades. Diferente de países europeus, onde o enterramento de fios é mais comum, as cidades brasileiras são muito extensas, o que tornaria o projeto ainda mais caro e demorado. 

Também há o problema da falta de articulação entre diferentes órgãos governamentais e empresas de telecomunicações, que precisam estar alinhados para que um projeto de enterramento de fios avance​.

Benefícios da fiação subterrânea

Apesar das dificuldades, enterrar fios elétricos traz vários benefícios a longo prazo. Um dos principais é a proteção contra eventos climáticos extremos, como tempestades e ventos fortes, que são frequentes no Brasil e causam apagões generalizados. 

Fios subterrâneos também evitam quedas de raios e melhoram o visual das cidades, o que é uma característica comum em projetos de cidades inteligentes, que buscam integrar tecnologia e sustentabilidade ao ambiente urbano​.

Além disso, a fiação subterrânea tem menor risco de roubo e exige menos manutenção no longo prazo, mesmo que o investimento inicial seja elevado. 

Especialistas argumentam que o prejuízo de indústrias e moradores afetados por quedas de energia pode ser mais alto do que o custo do enterramento dos fios, tornando esse tipo de infraestrutura mais viável quando se pensa em segurança energética e na redução de apagões​.

Um futuro possível para o Brasil?

Para que o Brasil avance na direção de redes subterrâneas, seria necessário adotar uma estratégia gradual, priorizando áreas críticas como hospitais e centros urbanos mais densos. 

Cidades como São Paulo já implementaram alguns projetos piloto, mas a falta de continuidade nas políticas públicas e o elevado custo continuam a ser barreiras significativas. Alternativas, como o uso de valas já existentes, como os túneis do metrô, poderiam ajudar a reduzir os custos de implementação​.

Outras Notícias