Cidades inteligentes e hortas urbanas: tendência ou política pública eficiente?

Com o avanço da urbanização, cresce a busca por soluções que tornem as cidades mais sustentáveis e humanas. Um relatório da ONU-Habitat estima que, até 2050, 68% da população mundial viverá em áreas urbanas. Nesse cenário, as hortas urbanas surgem como alternativa para melhorar a qualidade de vida, fortalecer a segurança alimentar e ocupar de forma produtiva os espaços urbanos. Mas essa prática é uma moda passageira ou uma política pública que pode transformar as cidades?
Em cidades inteligentes, que utilizam tecnologia e planejamento para melhorar os serviços públicos, as hortas urbanas podem ser ferramentas valiosas. Elas ajudam a integrar comunidades, ocupam áreas ociosas e incentivam hábitos mais saudáveis. No Brasil, onde o crescimento urbano muitas vezes ocorre sem planejamento, investir em hortas urbanas pode trazer benefícios sociais, ambientais e econômicos.
Hortas urbanas resistem ao avanço da urbanização
Apesar do crescimento desordenado das metrópoles, as hortas urbanas continuam a existir e se espalhar. Um estudo da USP mostra que, mesmo com a pressão da especulação imobiliária, hortas comunitárias ainda ocupam diversos espaços em São Paulo. Essas áreas, além de produzirem alimentos, promovem o convívio social e geram vínculos entre os moradores dos bairros.
Essa resistência tem um motivo claro: as hortas urbanas respondem a uma demanda real por segurança alimentar e participação cidadã. Elas também dialogam com os princípios das cidades inteligentes, que valorizam a sustentabilidade e a gestão colaborativa. Ou seja, não são apenas uma prática simbólica, mas uma estratégia eficaz de desenvolvimento urbano.
Educação ambiental e gestão compartilhada
As hortas urbanas servem também como espaços de aprendizado. Muitas escolas e organizações sociais usam esses ambientes para ensinar sobre meio ambiente, alimentação e cuidado com a cidade. Em cidades inteligentes, essa conexão entre educação e espaço urbano é fundamental para formar cidadãos mais conscientes e participativos.
Além disso, as hortas podem ser geridas por associações locais, coletivos ou até em parcerias com o poder público. Esse modelo de gestão compartilhada é típico das cidades inteligentes, onde a colaboração entre governo e população é valorizada. Incentivar esse tipo de organização fortalece o tecido social e cria soluções duradouras.
Políticas públicas e potencial no Brasil
Para que as hortas urbanas deixem de ser apenas iniciativas isoladas, é preciso apoio institucional. Cidades inteligentes podem criar políticas públicas que incluam capacitação, fornecimento de insumos e regulamentação de uso do solo. Isso facilita a criação e manutenção das hortas, além de garantir seu impacto positivo no longo prazo.
No Brasil, o potencial é grande. Há terrenos abandonados, comunidades dispostas e uma necessidade crescente de alimentação saudável e barata. Integrar as hortas urbanas ao planejamento urbano é uma forma de promover o desenvolvimento sustentável, com inclusão e participação cidadã.
Fontes: