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Ambientalista luta há 30 anos pela proteção de sementes naturais

Há mais de 30 anos, a ambientalista Vandana Shiva tem travado uma luta incansável pela proteção das sementes naturais, em um cenário cada vez mais dominado por corporações transnacionais.

Defensora da biodiversidade, Shiva enxerga nas sementes um símbolo de liberdade e uma herança inalienável. Desde o início de sua jornada, denuncia a manipulação genética e a privatização das sementes, práticas que ameaçam a diversidade agrícola e a segurança alimentar global.

Sua mensagem, que já percorre o mundo, ganha especial relevância em países como o Brasil, onde o uso intensivo de organismos geneticamente modificados alimenta debates sobre biodiversidade e sustentabilidade.

Três décadas de proteção às sementes

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Imagem de 2012 da ativista indiana Vandana Shiva – Créditos: Folhapress

O envolvimento de Vandana Shiva com a preservação de sementes teve início nos anos 1980, quando percebeu os impactos devastadores das monoculturas financiadas por grandes corporações na Índia.

Desde então, lidera movimentos que combatem o que ela denomina de “bioimperialismo” — uma corrida global para monopolizar o sistema alimentar por meio de patentes.

Em sua visão, essas práticas comprometem a autonomia dos agricultores, que se tornam dependentes de sementes patenteadas, impedidos de replantar suas próprias colheitas.

A proteção das sementes no Brasil

De forma semelhante ao que acontece na Índia, o Brasil também é motivo de grande preocupação para Shiva. O país tem se tornado cada vez mais dependente de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.

Sua primeira visita ao Brasil ocorreu há 32 anos, durante a conferência Rio-92, um evento das Nações Unidas focado em meio ambiente e desenvolvimento.

Na ocasião, ela destacou os riscos da monocultura da soja para a biodiversidade e criticou o uso de sementes transgênicas, que, segundo ela, têm contribuído para a destruição de florestas e a redução da diversidade agrícola.

Em 2024, Shiva retornou ao Brasil como palestrante na Rio Innovation Week, encerrando o primeiro dia do evento com a palestra “Lições de Vandana para o Mundo”.

Confrontos com grandes corporações

Vandana Shiva já enfrentou grandes corporações globais, como a Monsanto, processada por ela no Supremo Tribunal da Índia nos anos 1990, sob acusação de introduzir sementes geneticamente modificadas no país sem autorização legal.

Também se opôs ao Banco Mundial, que financiava projetos que devastavam florestas indianas, e ao bilionário Bill Gates, a quem acusa de promover o controle global do sistema alimentar por meio de patentes e alimentos sintéticos.

O impacto global de Vandana Shiva

As ações de Vandana Shiva reverberam em várias partes do mundo. Seus esforços para criar um sistema alimentar baseado na diversidade biológica são uma resposta direta ao modelo corporativo de controle das sementes.

Para Shiva, a biodiversidade é essencial para garantir a resiliência da agricultura frente às mudanças climáticas e proteger o direito dos agricultores de decidir suas próprias práticas.

A luta de Vandana Shiva continua, e sua mensagem é clara: enquanto as corporações maximizam seus lucros por meio de patentes, é a natureza e a capacidade produtiva dos agricultores que estão em risco.

*Com informações de Folha

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