Eles largaram um emprego estável para criar um “Airbnb da indústria” que agora capta R$ 3,6 milhões

Uma fábrica de alimentos está com capacidade ociosa em uma de suas linhas de produção. Por outro lado, uma marca de chocolates precisa terceirizar a manufatura. É nesse contexto que surge a GrowninCo, startup criada em 2019 para ser um marketplace a conectar esses dois negócios. Não à toa, é chamada pelos próprios fundadores de “”Airbnb da indústria”.

Antes de criarem a startup, dois dos três fundadores trabalhavam em cargo de alta gerência na gigante de alimentos Mondelez. Eles identificaram a dificuldade que a empresa tinha para conseguir fornecedores e negociar com eles. Até apresentaram para a multinacional, que à época disse não ter recursos humanos para tocar a operação naquele momento.

Raphael Traticoski, um dos empreendedores por trás da GrowinCo, não desistiu da ideia. Pelo contrário, decidiu sair da Mondelez e desenvolver o projeto. A saída foi amigável, tanto é que a companhia virou a primeira cliente da startup. Agora, quatro anos depois, a startup está recebendo seu primeiro aporte, de 3,6 milhões de reais.

“Eu sai com o sonho de abrir o Airbnb das indústrias”, afirma Traticoski.

Na plataforma, quem tem ociosidade cadastra a linha de produção, a planta e o catálogo de produtos que pode fabricar. A empresa que tem necessidade, como a Mondelez entra no sistema e encontra uma possível parceira.

“A empresa que quer uma terceirizada cria um projeto com volume, especificações técnicas, e vai alinhando a tecnologia e o desenvolvimento do produto”, afirma o empreendedor.

Aporte para crescer base de clientes

O aporte de 3,6 milhões de reais vem principalmente de duas frentes diferentes: a GVAngels, rede de investidores-anjos formada por ex-alunos da FGV, e a Harvard Angels, rede de ex-alunos da conhecida universidade americana.Também participaram do aporte a Urca Angels.

O valor aportado será usado para ampliar uma estratégia de crescimento por produto. Ou seja, querem adicionar ainda mais indústrias terceirizadas na plataforma, principalmente de regiões como da América do Norte. Hoje, a startup já tem 18.000 perfis cadastrados. Até o final do ano, querem alcançar 80.000.

“A gente terminou dezembro do ano passado com 4.026 indústrias”, diz Traticoski. “Agora, fechamos junho com 17.800. Estamos crescendo em escala, e o aporte vai ajudar”.

Por enquanto, a startup atua com manufatura de bens de consumo rápido, como alimentos, bebidas, cosméticos e higiene bucal. São 26 funcionários na operação.

Como a empresa fatura

A principal forma de remuneração da empresa é por meio de anuidade para usar a plataforma. As empresas que vão buscar linhas de produção precisam pagar. Há também uma modalidade de porcentagem na venda para algumas indústrias ociosas.

A startup não abre o valor do faturamento, mas diz que quer dobrar o resultado em 2023 — o que já fez nos anos anteriores.

O que fez a empresa receber o aporte

São poucos os pontos que fizeram com que a GVAngels decidisse apoiar a empresa, diz Edson Araujo Junior, líder do aporte na GVAngels:

  • Equipe estruturada, com experiência já no setor, que conseguiu desenvolver o produto sem ajuda financeira
  • Faturamento relevante
  • Produto validado e com uma boa base de clientes, inclusive da Mondelez.

“A Mondelez foi o primeiro clientes deles”, diz Araujo Junior. “Eles fizeram algo que a indústria estava precisando. Há várias plataformas regionais, mas eles conseguiram ter atuação global, gerando uma possibilidade de crescimento e expansão enorme”.

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