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IA para ‘falar com mortos’ cresce em interesse, levanta discussões éticas e divide opiniões

Aumenta o uso de chatbots de inteligência artificial para criar avatares de entes queridos falecidos nos EUA. Algumas pessoas estão recorrendo à tecnologia de IA como uma forma de se comunicar com os mortos. Entretanto, seu uso como parte do processo de luto levantou questões éticas e deixou inseguros alguns dos que fizeram experiências com essa tecnologia. A utilização desses aplicativos mexe fortemente com os sentimentos das pessoas. Esses produtos tecnológicos forçam os consumidores a encarar a única coisa sobre a qual eles estão programados para não pensar: a mortalidade.

Funcionamentos dos serviços de aplicativos da IA para falar com os mortos

A empresa HereAfter AI, com sede na Califórnia, desenvolveu essa tecnologia para que as pessoas conversem com parentes ou amigos que morreram via aplicativo de celular, que por sua vez funciona via inteligência artificial. HereAfter AI foi lançado em 2019, dois anos após a estreia do StoryFile, que produz vídeos interativos. O aplicativo HereAfter gera as respostas a partir de entrevistas concedidas pelos clientes, ainda vivos, claro. São feitas perguntas como “Conte-me sobre sua infância” e “Qual foi o maior desafio que você enfrentou?”.

Questionamentos sobre o uso dessa tecnologia

Contudo, o tema desperta interesse em muitas pessoas e perguntas pertinentes surgem. Você passaria horas consultando alguém que não existe mais no plano físico? Teria confiança nas respostas, mesmo sabendo que foram criadas por Inteligência Artificial? Pagaria por uma experiência dessa? É correto conversar com o avatar de alguém que já morreu? – São alguns dos principais questionamentos sobre o assunto.

Apenas “revisitando o que ela deixou”

De acordo com David Spiegel, psiquiatria e da Escola de Medicina de Stanford, “Programas como HereAfter AI podem ser importantes para as pessoas, desde que elas entendam claramente do que se trata: “O crucial é manter uma perspectiva realista do que você está examinando, que não é que essa pessoa ainda esteja viva, se comunicando com você, mas que você está revisitando o que ela deixou”, salienta. 

Relato de experiência com avatar de ente querido 

Entretanto, existem relatos sobre o uso da ferramenta, um desses é da Dra. Stephanie Lucas Oney, que utilizou o HereAfter AI. Um aplicativo alimentado por inteligência artificial, para fazer perguntas a seu pai, William Lucas, que morreu no ano passado. Ela relata sua experiência com essa tecnologia. “Fiquei impressionada com isso, foi inacreditável para mim como eu poderia ter essa interação com meu pai, que era relevante e era a personalidade dele. Esse homem de quem eu realmente sentia falta, meu melhor amigo, estava lá”.  Acrescentou ainda que “Quer que seus filhos e netos ouçam o que seu pai tem a dizer, na voz dele, e não que eu tente parafrasear, mas que ouçam do ponto de vista dele”, disse.  

 Contudo, uma reportagem do jornal The New York Times ouviu pessoas que usaram essas Inteligências Artificiais. Muitos gostaram, mas outros ficaram enojados, como se fosse um desrespeito àqueles que já partiram. Conforme James Vlahos, cofundador da HereAfter AI, “As pessoas não gostam muito de morte e perda. Pode ser difícil de vender porque as pessoas são forçadas a enfrentar uma realidade com a qual preferem não se envolver.”, salientou na entrevista.

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