Municípios lideram os investimentos em extensão rural

A extensão rural é essencial para aumentar a produtividade e melhorar os resultados das propriedades agrícolas. Ela conecta os produtores ao conhecimento técnico necessário para modernizar seus métodos e ampliar a renda no campo. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), mais de 80% das prefeituras executam ações de assistência técnica e extensão rural (ATER), reforçando o protagonismo local na promoção do desenvolvimento rural sustentável.
Esse investimento é estratégico, sobretudo em um momento de transformação digital das cidades. As cidades inteligentes reconhecem que fortalecer o campo é também investir em tecnologia, conectividade e inovação. Ao apoiar a extensão rural, os municípios constroem políticas públicas que beneficiam a economia local e reduzem desigualdades, integrando o meio rural às soluções urbanas inovadoras.
Municípios assumem a frente da extensão rural no Brasil
Dados da CNM mostram que 2.701 municípios brasileiros mantêm ações permanentes de extensão rural. Essa atuação se intensificou após a redução do apoio federal. Em 2013, os municípios respondiam por 25% dos investimentos em ATER. Já em 2023, esse percentual subiu para 45,5%, enquanto os gastos do governo federal caíram de 47,9% para 24,5%. Os estados também reduziram sua participação, saindo de 27% para 17,9%.
A CNM destaca que as ações municipais se concentram em atividades ligadas ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Esses programas exigem produtos da agricultura familiar, o que impulsiona a demanda por assistência técnica local. Segundo o IBGE, em 2022, 50,5% dos municípios com extensão rural atendiam produtores da agricultura familiar, mostrando a importância dessa política para a inclusão produtiva.
Extensão rural como parte das cidades inteligentes
Para que as cidades inteligentes avancem, é preciso integrar o campo às soluções urbanas. A extensão rural pode se beneficiar do uso de sensores, drones e plataformas digitais para oferecer assistência técnica mais eficiente. Um exemplo é o Projeto Agro 4.0, do Ministério da Agricultura, que busca inserir tecnologias digitais no campo, aproximando os pequenos produtores dos centros de inovação.
Além disso, o uso de plataformas como o e-SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural) tem contribuído para o mapeamento das propriedades e melhor planejamento das ações de ATER. A conectividade rural, defendida por organizações como a Embrapa e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), também é essencial para levar informação e suporte técnico às comunidades mais afastadas.
Desafios e caminhos para fortalecer a extensão rural
Apesar dos avanços, ainda há desafios. Faltam recursos, técnicos capacitados e uma política nacional que una os entes federativos. A CNM propõe a reformulação do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater) para garantir apoio contínuo aos municípios. Além disso, especialistas defendem a criação de consórcios intermunicipais para compartilhar técnicos e ampliar o alcance das ações.
Investir em extensão rural é investir em desenvolvimento local e inclusão social. É garantir que a transformação digital chegue a todos, não apenas aos centros urbanos. Assim, as cidades inteligentes se tornam territórios conectados com o campo, promovendo desenvolvimento equilibrado e sustentável.